Confesso...

Eu quero escrever poesia
Mas sinto que me torno tão repetitiva e chata
Me leio e me acho tão exata
Tão previsível
Monótona
Morna ás vezes.
Eu nunca te disse...
mas queria ser Clarice.
E se fosse homem,
(já que ninguém tem nada com isso)
poderia ser Fabrício...

Recolhida...

E eu que era
desconfiado na entrega
De repente senti uma vontade enorme
de ser eu mesmo
sem tirar nem pôr
E te dei todo o meu amor
Do coração abri a guarda
te recolhi
fechei as portas
Nunca mais dormi sem velar teu sono
Nunca...
mas nunca mais te abandono...

Chegada...

Porque o amor é assim... vem... 
e o cabelo desfaz...
Bagunça tudo e organiza os lábios 
num sorriso ou num beijo... 
Um misto de olhos abertos 
e lábios fechados (ou vice e versa)... 
Vem como coisa incrível e incerta
Vai e vem deixando a porta aberta
e nada mais permite que te interesse
que nada mais lhe chame a atenção
senão esta fala do coração
simplesmente chega
e todos os outros assuntos desconversa...

Lembrete

Do esquecimento sou um exemplar fino
eu... um ser feminino
Só não esqueço de lembrar o respirar
por ser natural.
Esquecimento fora do normal
Esqueço tarefas...
coisas da rotina...
mas não esqueço os amigos pelo caminho
nem o amor
meu caminhar jamais é sozinho
Se parar pra pensar
esqueço sim.
Moedas perdidas nos bolsos das jaquetas
coisas que se não resolvo hoje, resolvo amanhã
resolvo depois
e que o sentido de urgente
só em mim se assente
quando for algo que só faça sorrir
Pequenos papéis amarelos
colados por toda parte
alegram meu dia...
(meu escritório amarelo sorria)
Mas vou levando
resolvendo...
recriando...
ciente do meu esquecimento antigo
me perdôo e o vejo já como um amigo...
de longa data instalado
quase quase um namorado...
e um ou outro lembrete
sei que sempre terei por perto
Pode até não parecer
mas meu esquecimento é quase esperto...
Sim... sou uma menina ou mulher esquecida
esquecer e lembrar faz parte da minha vida
E quem quiser se arriscar
que goste de mim assim
esquecer e lembrar já faz parte de mim...

Muito antes...

O amor que nasce à distância é verdadeiro
Pois se conhece a "alma" do outro primeiro
Não é beijar uma boca desconhecida em uma festa
(uma boca que nada tem a dizer)
Não é amor de carnaval
ou de balada
Não é ficar por ficar
e se deitar com quem nem se conhece
por um falso prazer
O amor à distância nasce no coração
muito antes de chegar na pele
Conhece os segredos do outro
muito antes do seu corpo
Sabe seus medos, anseios, defeitos, objetivos...
adjetivos
Lhe faz companhia muito antes de levar-te á cama
E cria no imaginário o real cenário de um amor
Sinceridade...
Confiança...
Lealdade...
É o estar longe e se importar
É o demorar pra chegar
mas já tão presente estar..
É o não se importar de sonhar
antes de concretizar
e sim... na hora certa se encontrar!
E pra quem questiona, repito:
O amor que nasce à distância é verdadeiro
pois se conhece a "alma" do outro primeiro...

Ei, você aí...

Você que me lê e não sabe o que vê...
Não se engane...
nem tudo é assim tão infame
tão forte...
nem tudo me guia o norte.
Nem toda palavra que inflama 
saiu de uma noite na cama...
De um sonho
ou de algo a que me proponho
Você que não me lê com o coração
jamais saberá o que esconde a caneta em minha mão
ou se falo de mim
de uma imagem
de uma amiga
uma miragem
decepção ou saída
Se falo de algo da minha vida
Jamais saberá se represento
ou se desabafar eu tento...
Você que se pergunta  o que é poema
e o que é verdade?
Morra de curiosidade...